O economista e assessor do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), Claudio Toledo, realizou um estudo sobre as companhias aéreas brasileiras, intitulado "Transporte aéreo brasileiro: por que as empresas perdem dinheiro?". O objetivo é analisar como, em um mercado que vem apresentando taxas de crescimento tão altas desde o início de 2003, as duas maiores empresas brasileiras tenham encerrado o exercício fiscal de 2011 com prejuízos somados superiores a R$ 1 bilhão.
De acordo com os dados levantados, de dezembro de 2002 ao final de 2011, a demanda por transporte aéreo doméstico foi multiplicada 3,28 vezes. A evolução do setor foi equivalente a 5,56 vezes o crescimento do PIB do país no período.
O estudo conclui que, apesar das empresas terem total liberdade para fixar tarifas, elas praticam uma guerra tarifária, na disputa pela liderança no mercado doméstico, e estão cobrando tarifas menores que seus custos de forma deliberada. Os prejuízos das companhias, desta forma, nada têm a ver com problemas externos, ou ampliação de custos. As empresas estão optando trabalhar no vermelho para ganhar mercado, desde 2010. Caberia ao CADE, se uma empresa denunciasse outra por concorrência predatória, reprimir esse abuso econômico.
As centenas de demissões praticadas pela Gol Linhas Aéreas (VRG), nas últimas semanas, demonstram que o trabalhador está pagando a conta por essa disputa acirrada no mercado. Não só pilotos e comissários têm sido demitidos, como pessoal de terra (aeroviários), em grande quantidade, em setores estratégicos para a segurança operacional. A redução foi autorizada pela Anac e já é realidade na Gol e na Webjet. O SNA está na luta para reverter essa medida (que traz prejuízos gravíssimos à segurança de voo) e defender a profissão de pilotos e comissários.
Já no mercado internacional, o estudo aponta uma redução cada vez maior da participação das empresas brasileiras no transporte internacional de passageiros no país, a partir de 1995. Naquele ano, as empresas nacionais davam conta de 54% da demanda de passageiros nos voos internacionais com origem ou destino no Brasil. Em 2010, essa participação caiu para apenas 36%. O crescimento da demanda, no entanto, foi de 145% nos últimos quinze anos. A saída para o país, neste caso, é a aplicação das resoluções 004/2003 e 007/2007 do CONAC (Conselho Nacional de Aviação Civil), que prevêem incentivos às empresas aéreas brasileiras para que possam competir e crescer no mercado internacional.
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