A audiência que debateu a situação do Aerus discutiu também a redução de comissários de voo provocada pela norma RBAC 121, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Gelson Fochesato, explicou os riscos que a redução de quatro para três comissários nas aeronaves com quatro portas podem geram à vida de passageiros e tripulantes em caso de uma emergência durante o voo.
Ele ressaltou, por exemplo, que a existência de apenas um comissário na parte frontal do avião impede que seja prestado socorro a passageiros e pilotos ao mesmo tempo, o que não ocorre quando há dois comissários nessa área da aeronave.
Ainda segundo Fochesato, se o pânico não for contido, ele pode levar passageiros a colocarem em risco a vida de todos a bordo, com a abertura de uma porta ou de uma janela inadequada, por exemplo. A ausência de um comissário em uma das portas prejudica, desta forma, o cumprimento das normas de segurança pela tripulação. Fochesato também questionou porque a norma editada pela Anac reduz os níveis de segurança na aviação nas vésperas do país receber dois megaeventos mundiais.
O secretário-geral do SNA e diretor da Fentac/CUT, Sérgio Dias, ressaltou o tempo de formação necessário aos comissários para que se tornem aptos a enfrentar situações de emergência e atender os passageiros e demais tripulantes com o objetivo de salvar o maior número possível de vidas. Sem essa formação, ressaltou, não há como prever qual será a reação de uma pessoa em uma situação crítica a bordo, e os passageiros não têm esse treinamento para substituir eventualmente um comissário. O procedimento, no entanto, de convidar o passageiro sentado ao lado da porta da aeronave a auxiliar os tripulantes em caso de emergência, tem sido aplicado pelas companhias aéreas que reduziram o número de tripulantes.
A presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino, participou da audiência e apontou os problemas dos trabalhadores aeroviários. Balbino citou as centenas de demissões realizadas nos últimos meses e a sobrecarga de trabalho em várias funções. Ela salientou que os problemas enfrentados pelos aeronautas, inclusive as demissões, são parecidos com os vividos pelos aeroviários e também colocam em risco a segurança operacional e a saúde dos trabalhadores.
Segundo o diretor administrativo financeiro do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA), Arturo Spadale, as empresas negam qualquer risco em relação a redução de comissários de voo. Ele também afirmou que há, de fato, uma busca por redução de custos nas companhias e que as demissões fazem parte dessa estratégia, em busca de um equilíbrio financeiro.
A Anac não compareceu à audiência. A Agência alegou que o tema Aerus não era da sua alçada e ignorou o debate sobre a situação dos trabalhadores da aviação, incluindo o RBAC 121. O senador Paim disse que irá propor uma nova audiência pública para dar sequência à discussão, com a presença de representantes da Agência.
Fonte: SNA/TV Senado
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