O câmbio é o obstáculo mais preocupante da Avianca para cumprir o plano de reaver margens operacionais positivas em 2013 e aumentar o faturamento em 33%, diz o vice presidente comercial e de marketing da empresa, Tarcísio Gargioni.
A companhia pretende elevar o faturamento para R$ 1,8 bilhão, ante R$ 1,35 bilhão em 2012, com um aumento de 21,5% no total de passageiros transportados, encerrando 2013 com 6,2 milhões de pessoas atendidas. "Se o câmbio e o combustível não atrapalharem, a gente fecha com uma pequena margem positiva depois de ter ficado no zero a zero em 2012", afirma Tarcisio Gargioni. "Para conseguir margem positiva crescendo 30% ao ano é preciso ter taxa de ocupação. E estamos crescendo também nisso".
O dólar indexa até 70% das despesas da companhia, segundo o executivo. Ele destaca o impacto do câmbio no cálculo do combustível, que responde por mais de 40% do custo operacional do setor. De capital fechado, a Avianca não revela indicadores de margens.
Segundo os dados mais recentes da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a Avianca teve entre janeiro e maio uma taxa de ocupação de 81,26%, ante 78,65% no mesmo período de 2012 - a mais elevada entre as quatro maiores companhias aéreas no mercado doméstico brasileiro.
Nos cinco primeiros meses deste ano, a oferta de assentos da Avianca aumentou 32% e a demanda avançou 36,42%. Nessas mesmas bases, o mercado como um todo teve taxa média de ocupação indo de 69,53% a 73,93%, mas com oferta recuando 6,36% e demanda estagnada nos 35 milhões de passageiros.
"A gente cobra preços das tarifas em linha com o mercado. O que garante nossa margem é a taxa de ocupação, que tem a ver com nossos serviços, com nossas aeronaves com mais espaço, alimentação de qualidade e entretenimento", diz Gargioni. O executivo afirma que a empresa vai elevar em 8,5% o número de funcionários este ano, abrindo 300 novas vagas até dezembro.
São pessoas que vão atender a demanda de duas ou três aeronaves que a Avianca vai acrescentar a sua frota atual, de 32 aviões. A empresa lança em julho mais duas rotas no mercado brasileiro, uma ligando São Paulo a Natal, e outra unindo a capital paulista a Fortaleza e Recife.
"Nosso plano de expansão até 2015 está mantido de acordo com o que traçamos em 2010", diz Gargioni referindo-se ao programa de investimentos que somam R$ 2,7 bilhões no período de seis anos. "Não precisamos de capital agora. Estamos confortáveis", acrescentou.
As concorrentes da Avianca planejam ter ou já tiveram acesso a capital em 2013. A Gol capturou parte dos R$ 1,3 bilhão que a Smiles - gestora do seu programa de fidelidade - levantou na oferta pública inicial de ações que realizou em abril. A Latam (grupo a que pertence a brasileira TAM) vai captar US$ 1 bilhão no próximo trimestre, com emissão de ações em Santiago e recibos nas bolsas de São Paulo (BDRs) e de Nova York (ADRs). A Azul acompanha as condições de mercado para abrir seu capital na bolsa e, segundo fontes do setor, levantar cerca de R$ 1 bilhão.
O executivo da Avianca admite que o ritmo de crescimento da empresa depende bastante da economia brasileira agora. "Tivemos uma onda de demanda, com a entrada da nova classe média, que agregou milhões de passageiros ao sistema, mas não teremos outra onda dessas. Então, o múltiplo de crescimento do setor voltará a ficar entre 2 e 2,5 vezes o PIB [Produto Interno Bruto]".
Assim, segundo Gargioni, se o avanço do PIB ficar na casa de 2,5% em 2013, como apontam projeções de economistas reunidas no Boletim Focus do Banco Central, o transporte aéreo nacional de passageiros vai registrar crescimento de 6,2% este ano.
Um impulso extra pode vir do plano de aviação regional, que o governo federal lançou para estimular a demanda e a oferta em partes do território nacional pouco atendidas hoje pelo setor aéreo. O programa prevê investimentos de R$ 7,2 bilhões para agregar à atual malha de aeroportos mais 240 terminais.
"Já operamos na aviação regional no Brasil em cinco aeroportos", afirma Gargioni, citando Passo Fundo (RS), Chapecó (SC), Ilhéus (BA), Petrolina (PE) e Juazeiro (CE). "E temos mais de 20 aeroportos mapeados que têm demanda e podem ser atendidos se houver algum investimento na estrutura."
Para Gargioni, há demanda para um leque maior de aeronaves adequadas para atender esse segmento. "Pena que a Embraer não tem um turboélice", disse.
Independentemente disso, a Avianca tem interesse em negociar com a Embraer outros modelos. O foco está na nova família de E-Jets E-2, de 130 lugares. "Se eles entregarem tudo o que estão apresentando de economia, de performance, é um avião espetacular para substituir nossos A-318".
O executivo diz que 15 modelos Airbus A-318 serão substituídos pela Avianca ao longo dos próximos três anos.
Fonte: Valor Econômico
EM APENAS 30 HORAS FALE, UM NOVO IDIOMA!
0 comentários:
Postar um comentário