O fechamento de 2,5 mil postos de trabalho na Gol, até o fim deste ano, a redução de 10% de sua malha de voos e o corte de 2% de oferta, entre outras mudanças, estão sendo bem vistas pela mais nova acionista e integrante do conselho de administração da empresa, a Delta Air Lines. A companhia americana comprou, em dezembro do ano passado, 3% da Gol, por US$ 100 milhões, e conquistou o direito de nomear um conselheiro.
"A Gol está fazendo bem o seu dever de casa. Ela está fazendo um trabalho muito bom. Olhamos nela uma parceria de longo prazo", afirmou ao Valor o presidente mundial da Delta e membro do conselho de administração da Gol, Edward Bastian. "Não pretendemos aumentar nossa participação na Gol agora, nem nos próximos dez, ou 20 anos", acrescentou.
Bastian esteve ontem, em São Paulo, para participar das comemorações de 15 anos de operação da Delta, no Brasil. Também participou ontem de sua primeira reunião no conselho da Gol. "Ainda não", respondeu, ao ser questionado se estava fazendo aulas de português para participar das reuniões do conselho da Gol.
O executivo enfrentou um dos períodos mais difíceis da Delta, que permaneceu em concordata de setembro de 2005 a abril de 2007. Nesse período, foram eliminados 6 mil postos de trabalho. Hoje, conta com 80 mil empregados e frota de 700 aviões, quase seis vezes o total de aviões da Gol, de 120, no primeiro trimestre.
Além da Gol, a Delta investiu US$ 65 milhões por 4,17% das ações da Aeroméxico. Bastian vê na América Latina maiores chances de crescimento do que no resto do mundo. Segundo ele, a aviação na região deverá crescer 5%, ao ano, nos próximos três anos.
Nos cinco primeiros meses do ano, na comparação anual, a Delta registrou crescimento de 28% no número de passageiros da Gol em conexões da Delta. Na mão inversa, a expansão foi de 38%, na mesma base de comparação.
Uma das três maiores companhias aéreas americanas, a Delta planeja aumentar a oferta de assentos, no país, em torno de 30%, em 2013, em algumas rotas. Bastian revela que isso será possível com a substituição de aviões da Boeing que são operados no país, o modelo 767, para 266 pessoas, pelo 747-400, para 360 pessoas.
A Delta opera 35 frequências, por semana, entre o Brasil e os Estados Unidos. São voos diários de São Paulo para Atlanta, Nova York e Detroit. Do Rio e de Brasília, são saídas todos os dias para Atlanta, onde está a sede da companhia e o seu principal centro de distribuição de voos ("hub", em inglês).
"O Brasil está no topo da nossa lista de oportunidades nos próximos 10 ou 15 anos", afirmou Bastian. Ele lembra que a Delta, nos últimos cinco anos, aumentou sua oferta em 56% e o fluxo de passageiros em 62%, no Brasil.
A Delta estimou, ontem, que sua margem operacional fique entre 8% e 10% no segundo trimestre, uma melhora de 6,9% na comparação anual. As receitas devem crescer 8% em relação ao mesmo período do ano passado, para US$ 1,2 bilhão a US$ 1,3 bilhão. Segundo dados de 22 de junho, a Delta projeta o galão de combustível a US$ 3,37, acima da estimativa anterior. Ainda assim, a empresa pondera que deve se beneficiar em grande escala do declínio de preço esperado para o segundo semestre de 2012.
A capacidade da companhia deve cair de 1% a 2% no período, tanto para os voos domésticos quanto internacionais. Na comparação com igual trimestre anterior, a receita por passageiro deve subir 8%. A despesa operacional de assento disponível, excluindo combustível, despesas com distribuição de lucros e itens especiais, deve subir até 4%. (AK, com Tatiana Bortolozi)
Fonte: Valor Econômico
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