A superintendência da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), em Campo Grande, recebeu em dezembro quatro reclamações de pilotos que tiveram a visão prejudicada durante pousos e decolagens pelo uso de canetas de laser verde na direção da aeronave.
Em 2011, outras duas reclamações já foram repassadas oficialmente ao Centro de Investigações e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão do Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Sipaer) da Aeronáutica.
A Infraero está elaborando relatório que deve ser apresentado às polícias Civil e Militar e à prefeitura. Em todos os casos, a mesma situação: a visibilidade era comprometida pelos feixes de luz jogados na direção da cabine de comando, 'brincadeira' que pode causar acidentes, segundo o Cenipa.
Início dos problemas
De acordo com o superintendente da Infraero em Mato Grosso do Sul, Evandro Castilho Leite, os problemas começaram após a construção de um mirante, este ano, para acomodar um costume antigo do campograndense, o de observar pousos e decolagens no aeroporto.
À noite, a partir das 23h, o público muda, segundo o superintendente. Jovens ficam no local consumindo bebidas alcoólicas e ouvindo música alta. São eles, de acordo com Leite, que usam o laser nos aviões. A Polícia Militar já foi acionada por causa da aglomeração e também pelo uso da caneta de laser, mas, por falta de indícios de envolvimento no crime, ninguém chegou a ser detido.
“O mais importante, neste caso, é a conscientização. Acredito que as pessoas que fazem isso não conseguem entender o tamanho do perigo e o risco que uma brincadeira desta pode causar”, avalia Leite.
Leite explica que a visibilidade dos pilotos é afetada pela forte luminosidade do laser, causando ofuscamento momentâneo da visão. Com isso, há risco de erro na aproximação para pouso, obrigando o piloto a arremeter, manobra de retomada de voo, ou a pousar de forma irregular e desestabilizada.
Segundo o Cenipa, existe o risco de o laser provocar acidentes, ainda que a probabilidade seja baixa. “Por menor que seja o risco, as pessoas precisam saber que ele existe”, consta no relatório do centro. Os pousos são os momentos em que a luminosidade apresenta mais perigo. Isso porque o procedimento exige maior concentração dos pilotos.
Outros aeroportos
De acordo com relatório do Cenipa, somente este ano, foram relatadas 202 reclamações de visibilidade prejudicada pelas canetas lasers em vários aeroportos do país. O maior número de ocorrências foi em Londrina (PR), com 38 registros.
A 'brincadeira' é crime previsto no artigo 261 do Código Penal (expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea). A pena prevista é de dois a cinco anos de prisão, chegando a doze anos em caso de destruição da aeronave.
Fonte/Foto: G1
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