quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Greve dos pilotos da TAP ameaça 280 mil passageiros



Cada dia de paralisação significa um prejuízo superior a cinco milhões de euros para a transportadora aérea, que está em vias de privatização.


A greve convocada pelo sindicato dos pilotos ameaça deixar em terra cerca de 280 mil passageiros da TAP, nos oito dias de paralisação agendados para Dezembro e Janeiro. 


Os protestos, associados ao processo de privatização e à alegada desigualdade salarial na empresa, vão custar mais de cinco milhões de euros por dia à transportadora aérea estatal, sem contabilizar os custos de assistência a clientes e de fretamento de aviões.


De acordo com dados cedidos pela companhia de aviação em Junho, altura em que enfrentou uma ameaça de greve dos tripulantes de cabina, são transportados em média 35 mil passageiros por dia, em cerca de 120 voos. 


Tendo em conta que a contestação dos pilotos vai durar oito dias, perto de 280 mil passageiros poderão vir a ser afectados, se a operação ficar totalmente paralisada - como tem acontecido, no passado, quando a classe se mobiliza para uma paralisação.


Apesar de o mês de Junho ser considerado época alta, pode ser feito um paralelo com as datas agora previstas (9, 10, 11 e 12 de Dezembro e ainda 3, 4, 5 e 6 de Janeiro). 


Isto porque, além da proximidade do feriado de dia 8 de Dezembro, trata-se de uma altura em que começam a ser reservadas os primeiros voos ligados à época festiva que se avizinha (Natal e Ano Novo). E, no início de Janeiro, é altura das viagens de regresso.


Para a TAP, os prejuízos poderão ultrapassar 40 milhões de euros, caso a greve se concretize. É que, por cada dia de operação parada, a transportadora aérea (cuja privatização deverá estar concluída em 2012) perde mais de cinco milhões de receitas. 


A este valor acrescerá ainda os custos com assistência a passageiros (alojamento e refeição, por exemplo), que está obrigada a prestar por regras comunitárias. Além disso, deverá incorrer em encargos extraordinários com o fretamento de aviões a terceiros, incluindo tripulações. 


As exigências dos pilotos


Foi já ontem, de madrugada, que houve a confirmação oficial da convocação de uma greve do Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil (SPAC), na sequência de uma assembleia geral que começou às 14h de segunda-feira. 


No final do encontro, o sindicato informou, em comunicado, que a decisão foi tomada para "exigir à administração o cumprimento das normas do Acordo de Empresa e a reposição de um clima laboral que reponha a equidade no tratamento entre pilotos e chefias".


A classe contesta os aumentos efectuados em Janeiro nos subsídios de funções em terra de 15 cargos de chefia. Em alguns casos, as subidas, com efeitos retroactivos a Setembro de 2010, terão chegado aos 75,6%, numa altura em que a companhia de aviação estava obrigada pelo Governo a reduzir os gastos com remunerações, tal como as restantes empresas públicas, noticiou na altura o Diário Económico.


Além deste ponto, o SPAC também pretende com esta greve "exigir ao Governo o envolvimento dos pilotos no processo de privatização" da TAP, fazendo-se valer de um acordo assinado em 1999, no qual se estabelece que estes trabalhadores recebam entre 10 a 20% do capital da empresa e que tenham assento no conselho de administração. 


É por isso também que, no comunicado enviado ontem, o sindicato reivindica que "seja concedido o acesso à informação necessária pata que possa ser feita uma avaliação independente" da transportadora aérea estatal.


Turismo contesta greve


A TAP ainda não se pronunciou sobre esta ameaça de paralisação e só o fará quando receber o pré-aviso de greve (que tem de ser entregue com uma antecedência de dez dias úteis). 


O PÚBLICO contactou o Ministério da Economia para obter uma reacção à decisão dos pilotos, mas fonte oficial disse apenas que a tutela "não faz comentários sobre o anúncio de greves".


Já a Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo considerou a paralisação "incompreensível". Num comunicado divulgado ontem, a associação apelou ao "bom senso" para evitar consequências "nefastas" para o sector do turismo, num momento de crise. 


Apesar de os pilotos não pararem no dia da greve geral, por não pertencerem às duas centrais sindicais organizadoras (CGTP e UGT), o transporte aéreo deverá sofrer fortes perturbações, uma vez que os controladores aéreos, os técnicos de handling e os tripulantes já aderiram aos protestos.


Fonte: Publico 


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