quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Crise na aviação civil pode acabar com financiamento público



Em crise, o setor de aviação civil deixa de lado as regras do mercado e procura ajuda do governo federal para obter recursos públicos e resolver os seus problemas. Essa prática, muito comum no Brasil, não leva em consideração os riscos inerentes ao negócio, não se comprometendo com as boas regras de administração e vários outros problemas. “Os empresários brasileiros, principalmente os grandes, só conhecem a lógica da ajuda governamental. Quando tudo vai bem, ninguém bate na porta do governo para dividir o lucro, mas quando vai mal, são os primeiros a pedir ajuda”, critica o professor de Administração e Finanças da Fundação Getúlio Vargas Management (FGV), Sérgio Bessa.


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Ainda não está descartada a possibilidade do socorro financeiro a essas empresas com o dinheiro público. Na última terça-feira (20), o ministro da Secretaria de Aviação Civil, Moreira Franco, se reuniu com os presidentes das quatro empresas aéreas brasileiras – TAM, Gol, Azul e Avianca – e da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear). No encontro, as empresas apresentaram nove propostas para reverter a situação caótica. O ministro afirmou que irá analisá-las e deu um prazo de dez dias para se posicionar sobre o que foi proposto. Espera-se que esta decisão leve em conta soluções estritamente de mercado e não ajuda governamental.


Na opinião de Bessa, a situação atual do setor de aviação civil é apenas o início de uma grande crise: “Vejo uma situação muito difícil para as companhias aéreas nacionais, pois é um segmento que requer grande investimento de capital e, por isso, demanda muito financiamento. O problema é que esse financiamento vem atrelado à taxa de juros, que no Brasil é altíssima, e também leva em consideração o câmbio, que está com o dólar em elevação constante”.


Além do endividamento em dólar, que está rondando os R$ 2,30, o economista ressalta que o momento é ainda mais adverso porque as companhias aéreas estão enfrentando o aumento do custo dos combustíveis.


“O combustível representa 30% das despesas de uma companhia aérea e, quando você tem 30% do seu gasto aumentado acima da inflação no último triênio, não tem como se sustentar por muito tempo. A Gol e a TAM, por exemplo, registraram no último trimestre, juntas, um prejuízo de cerca de R$ 8 milhões por dia. Nenhum setor se sustenta neste cenário”, opina Bessa.


Por conta da situação adversa, o professor da FGV não descarta uma possível fusão entre a TAM e a Gol, em longo prazo. “Tirando uma possível ajuda governamental, o problema atual só poderia ser resolvido com uma política de redução de custo nas empresas, caso contrário, elas não se sustentam por muito tempo separadas”, afirma.


A concorrência com as empresas aéreas internacionais também é um problema, segundo o economista Bessa: “Somos pequenos em relação a elas”.


Jornal do Brasil


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