A Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas do Voo TAMJJ3054 (Afavitam) declarou, em nota oficial divulgada nesta quinta-feira, sua solidariedade às famílias dos mortos na tragédia da Boate Kiss, em Santa Maria (RS). No texto, a associação sugere que os familiares das vítimas do incêndio se unam para facilitar o diálogo com o poder público.
"Nossa experiência mostrou que um familiar sozinho dificilmente é ouvido. Mas, se vocês se unirem e se organizarem, com certeza será mais fácil dialogar com os órgãos públicos, bem como acompanhar as investigações para apurar as responsabilidades e punir os culpados", diz a nota.
"Nós também passamos por uma perda de forma trágica, como eles, e estamos aqui demonstrando nossa solidariedade", afirmou, entrevista ao Terra, o presidente da Afavitam, Dario Scott. "A nossa expectativa é que de fato as autoridades não fiquem só no discurso, que eles tomem atitudes para evitar mais tragédias como essas. A nossa proposta é que a sociedade civil se mobilize", completou. "Esperamos que eles se organizem, se unam, como nós fizemos. Nós, após cinco anos do acidente, continuamos nos encontrando, acompanhando de perto a investigação, porque isso não pode ser esquecido", sugeriu Scott.
A Afavitam se colocou à disposição dos familiares das vítimas de Santa Maria "para ajudá-los e orientá-los no que for necessário", disponibilizando seu e-mail (afavitam@afavitam.com.br) para qualquer dúvida quanto à organização de uma associação.
"Só quem vive a perda do seu filho(a), um ente querido, enfim, um parente próximo de uma forma tão brutal como essa é que sabe o vazio que fica nas nossas vidas, dessa data em diante", diz a nota oficial. "Desejamos força para que vocês encontrem uma forma de superar essa tragédia, buscar justiça e cobrar uma atitude das autoridades para que eventos como esse não se repitam", conclui o texto, assinado por Scott.
Incêndio na Boate Kiss
Um incêndio de grandes proporções deixou mais de 230 mortos na madrugada do dia 27 de janeiro, em Santa Maria (RS). O incidente, que começou por volta das 2h30, ocorreu na Boate Kiss, na rua dos Andradas, no centro da cidade. O Corpo de Bombeiros acredita que o fogo tenha iniciado com um artefato pirotécnico lançado por um integrante da banda que fazia show na festa universitária.
Segundo um segurança que trabalhava no local, muitas pessoas foram pisoteadas. "Na hora que o fogo começou, foi um desespero para tentar sair pela única porta de entrada e saída da boate, e muita gente foi pisoteada. Todos quiseram sair ao mesmo tempo e muita gente morreu tentando sair", contou. O local foi interditado e os corpos foram levados ao Centro Desportivo Municipal, onde centenas de pessoas se reuniam em busca de informações.
A prefeitura da cidade decretou luto oficial de 30 dias e anunciou a contratação imediata de psicólogos e psiquiatras para acompanhar as famílias das vítimas. A presidente Dilma Rousseff interrompeu uma viagem oficial que fazia ao Chile e foi até a cidade, onde se reuniu com o governador Tarso Genro e parentes dos mortos. A tragédia gerou uma onda de solidariedade tanto no Brasil quanto no exterior.
Os feridos graves foram divididos em hospitais de Santa Maria e da região metropolitana de Porto Alegre, para onde foram levados com apoio de helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira). O Ministério da Saúde, com apoio dos governos estadual e municipais, criou uma grande operação de atendimento às vítimas.
Na segunda-feira, quatro pessoas foram presas temporariamente - dois sócios da boate, Elissandro Callegaro Sphor, conhecido como Kiko, e Mauro Hoffman, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, Luciano Augusto Bonilha Leão e Marcelo de Jesus dos Santos. Enquanto a Polícia Civil investigava documentos e alvarás, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros divergiam sobre a responsabilidade de fiscalização da casa noturna.
A tragédia fez com que várias cidades do País realizassem varreduras em boates contra falhas de segurança, e vários estabelecimentos foram fechados. Mais de 20 municípios do Rio Grande do Sul cancelaram a programação de Carnaval devido ao incêndio.
Fonte: Terra
Instrutor em Casa
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