Viajar de avião dentro do Rio Grande do Sul é para poucos. Diferentemente do que ocorreu com a aviação comercial do Brasil na última década, os voos regionais continuam inacessíveis à maior parte da população. Com tarifas caras - em média seis vezes mais do que uma passagem de ônibus -, é comum encontrar aviões com mais da metade dos assentos vazios.
A expectativa do setor é de que a realidade comece a mudar com o plano de investimentos anunciado em dezembro pela presidente Dilma Rousseff, voltado à aviação regional. O investimento total é de R$ 7,3 bilhões em 270 aeroportos, 15 deles no Rio Grande do Sul. Os aeroportos gaúchos contemplados com R$ 310 milhões são os de Alegrete, Bagé, Caxias do Sul, Erechim, Gramado, Passo Fundo, Pelotas, Rio Grande, Santa Cruz, Santa Maria, Santa Rosa, Santa Vitória do Palmar, São Borja, Santo Ângelo e Uruguaiana. Os recursos serão aplicados em melhorias nos terminais e construção de pistas. "O principal entrave é a baixa demanda de passageiros, o que de certa forma tem relação com o custo das passagens", explica o diretor do Departamento Aeroportuário do Estado (DAP), Roberto Barbosa de Carvalho Netto. Apesar disso, segundo ele, mesmo com preços menores, algumas regiões não possuem densidade populacional compatível com o transporte aéreo.
Entre as medidas anunciadas pelo governo federal estão a isenção de tarifas em aeroportos pequenos e a concessão de subsídios às companhias aéreas, visando à criação de novas rotas. Carvalho espera que, com os novos investimentos, o preço das tarifas possa ser reduzido, popularizando as viagens de avião no Estado. De acordo com ele, a descentralização da aviação reduz a dependência dos grandes aeroportos. "Se der qualquer temporal em São Paulo, aviões no Brasil todo ficam parados, pois tudo parte de lá", exemplifica.
Além da União, o governo do Estado - que administra nove aeroportos - também pretende direcionar recursos ao setor. O investimento está concentrado nos aeroportos de Passo Fundo e Rio Grande. No primeiro, com verba de R$ 16 milhões, a iniciativa visa adequar o terminal ao código 3C, que permite receber aeronaves de maior porte. Para Rio Grande, estão previstos R$ 9 milhões."Podemos imaginar que até 2014 conseguiremos fazer as obras para deixar esses aeroportos prontos para os próximos 40 anos", confia o diretor do DAP.
Para o diretor da Faculdade de Ciências Aeronáuticas da PUCRS, Elones Ribeiro, o alto custo do combustível e a falta de uniformidade no índice do ICMS entre os estados contribuem para que a aviação regional seja subutilizada. Aponta a falta de infraestrutura dos aeroportos do Interior como um obstáculo ao desenvolvimento do setor. "São carentes de tudo: bombeiros, auxílios luminosos e à navegação, pátios, equipamentos de partida, escadas e detectores de raios X".
Fonte: Correio do Povo
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