O novo presidente da Gol, Paulo Kakinoff, assumiu o cargo na manhã desta segunda-feira 2. Em entrevista publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, a primeira concedida por ele desde que foi anunciado para o posto há duas semanas, o executivo classificou como “pura especulação” os rumores do mercado sobre uma possível venda da companhia aérea.
“Se tivesse (a intenção da venda), acho que eu não seria a melhor pessoa para fazer isso. Que expertise eu traria para esse tipo de objetivo?”, afirmou Kakinoff, que, entre outros assuntos, também revelou na entrevista os seus planos para os primeiros dias de trabalho na nova empresa.
“Vou viajar nas aeronaves, conversar com as pessoas. Meu desejo é interagir mesmo, no check-in, no avião. Não só nessa fase inicial, mas regularmente, com frequência bastante alta, vou me colocar na posição do cliente desde o momento em que ele faz a reserva no nosso site até quando recolhe a bagagem na esteira”, disse.
Empresas menores do olho no mercado
Os rumores sobre uma possível venda da Gol, rechaçada na entrevista ao O Estado de S.Paulo, ganharam força após a indicação de Kakinoff para a presidência da companhia, que tem sofrido com a divulgação de balanços trimestrais nada favoráveis. A Gol fechou o primeiro trimestre de 2102 com prejuízo superior a R$ 40 milhões.
Mas não virá apenas dos resultados operacionais a pressão sobre Kakinoff. O novo presidente terá o desafio de reposicionar a empresa, que vem perdendo participação dentro de um mercado com empresas em trajetória ascendente, como a Azul, a Trip e a Avianca, numa reconfiguração da concorrência no setor.
Ao mesmo tempo em que vê avançarem sobre seu espaço empresas de menor porte – mas que têm se mostrado mais eficientes e flexíveis em tempos difíceis para as companhias aéreas do mundo todo –, a Gol assistiu, em 22 de junho, a conclusão do processo de fusão de sua principal rival pela liderança em voos domésticos, a Tam, com a chilena Lan. O negócio confere fôlego para a rival enfrentar tanto o acirramento da concorrência quanto as turbulências financeiras que vêm balançando os caixas das duas maiores companhias aéreas nacionais.
De acordo com o mais recente relatório da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), divulgado na semana passada, Tam e Gol, juntas, detiveram 72,5% do market share dos voos domésticos realizados no País em maio. Há um ano, esse percentual era de 79,9%. A queda foi de quase 10%.
Neste período, a Avianca foi a empresa que mais cresceu, passando de 2,95% para 5,1% (incremento de 73,2%). A Trip ampliou seu mercado de 3% para 4,7%, e a Azul, de 8,08 para 11,5%. As duas últimas anunciaram uma fusão entre as suas operações há pouco mais de um mês, e esperam um parecer do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para dar início a provável unificação das marcas – o que elevaria a participação da Azul para mais de 15%.
“Sem dúvida há um novo cenário no mercado e, dentre as duas grandes, a Gol é a que está mais exposta. É a companhia que mais vem perdendo participação e está sem um posicionamento claro”, analisa Mauro Martins, consultor do setor de transportes aéreos e professor da Faculdade de Ciências Aeronáuticas da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). “Uma das prioridades do novo presidente será reorientar qual o papel da Gol no mercado, porque isso já está confuso até para o consumidor.”
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