São Paulo - A Gol espera ter alta de dois dígitos na receita por passageiro em 2014, embora dificilmente num ritmo perto dos 20 por cento do ano passado, e vê um efeito neutro da Copa do Mundo sobre seus resultados.
A Gol registrou em 2013 um aumento de 18 por cento na receita por passageiro, também conhecida no setor como "prask". No quarto trimestre apenas, o aumento foi de 24 por cento.
"A gente vai continuar mostrando crescimento em 2014. Trabalhamos com números de dois dígitos, mas falar de 20 por cento (de alta) vai ser difícil daqui pra frente", afirmou o vice-presidente financeiro da Gol, Edmar Lopes, em teleconferência com analistas nesta quarta-feira para comentar os dados operacionais divulgados na noite da véspera.
O executivo disse que também espera elevar "em alguns pontos percentuais" a taxa de ocupação das aeronaves neste ano, ainda que espere alguma queda no primeiro e no segundo trimestres devido à sazonalidade.
"Setenta e sete, 76 e 75 por cento (de taxa de ocupação dos aviões) em trimestres fortes é razoável. Esse número vai baixar no primeiro, no segundo trimestre. Mas o objetivo em 2014 é levar a taxa de ocupação para alguns pontos percentuais acima do que temos trabalhado", disse Lopes.
Entre outubro e dezembro de 2013, a Gol teve taxa de ocupação total, que considera tanto voos domésticos quanto internacionais, de 74,8 por cento.
Os números divulgados pela Gol foram bem recebidos por investidores e a ação da companhia aérea disparava na bolsa paulista, com ganho de 8,3 por cento às 16h24. O papel tinha a maior alta do Ibovespa, que subia 1,78 por cento.
Para os analistas do BB Investimentos liderados por Mário Bernardes Junior, os dados prévios da Gol sobre o tráfego aéreo no quarto trimestre "foram muito bons e indicam que o resultado do período tende a ser o melhor do ano, superando a boa performance do terceiro trimestre".
No quarto trimestre, a oferta da Gol no mercado doméstico teve leve alta de 0,3 por cento sobre um ano antes, sendo que apenas em dezembro houve aumento de 11,8 por cento em função do maior número de voos fretados e extras para atender à demanda adicional no período.
Lopes ressaltou que o forte avanço observado em dezembro não altera a estratégia da Gol de manter a oferta de voos domésticos estável em 2014, conforme anunciado em novembro.
"Nos começamos (com a estratégia de disciplina de oferta) em 2012. Nós mantivemos em 2013 e manteremos em 2014. Não muda nossa estratégia de adequar a oferta ao mercado doméstico", frisou o executivo.
Segundo ele, considerando os números de 2012 e 2013, a empresa reduziu sua capacidade doméstica em cerca de 10 por cento.
Questionado sobre as expectativas da empresa com a Copa do Mundo, Lopes afirmou ter "uma visão neutra" sobre os impactos do torneio nos resultados da Gol. As empresas aéreas brasileiras têm destacado que o Mundial pode prejudicar seus balanços por expectativa de queda do número de passageiros de negócios no período.
"Os primeiros 20 dias (do Mundial) são os mais críticos, que tem mais gente no Brasil, com todas as delegações. Mas nossa visão é neutra, e a gente tem se preparado fortemente", afirmou o vice-presidente.
Pressão dos combustíveis
O vice-presidente financeiro da Gol destacou que os dados do quarto trimestre mostram um "trimestre de resultados muito fortes", apesar da pressão de custos com combustível, cujo preço subiu cerca de 2 por cento no período.
Para os primeiros meses deste ano, a previsão da Gol é de custos ainda maiores com querosene de aviação. "Em função do câmbio das últimas semanas e do preço do combustível também nas últimas semanas, nós estamos vislumbrando um novo recorde de preço para o primeiro trimestre de 2014", disse Lopes.
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