Diretor executivo da associação de vítimas do voo 447 reforça pedido que a Justiça brasileira investigue acidente da Air France.
Desde que o Airbus A330 que fazia o voo 447 da Air France caiu no dia 29 de junho de 2009, matando 228 pessoas, o consultor de hotelaria Maarten Van Sluys viajou 12 vezes para a França. Ele perdeu a irmã Adriana no acidente e passou a integrar a Associação dos Familiares das Vítimas do Voo Air France 447. Desde então, ele divide seu tempo entre a vida particular e uma investigação árdua a fim de esclarecer o que provocou o acidente.
Ao ser informado sobre o relatório do BEA (órgão francês que investigou o acidente) que responsabilizou os pilotos pela queda da aeronave.
ele mostrou indignação. “A mensagem que ficará clara é que a aviação é controlada pelas empresas e não pelos órgãos reguladores”, afirmou. Ele afirma que “todos querem ver a responsabilidade pela queda da aeronave ser levada a cabo”.
De acordo com Maarten as famílias ainda têm esperanças de que a queda do avião seja investigada criminalmente no Brasil. “Protocolamos esse pedido em 2009, mas até hoje não obtivemos resposta da Procuradoria Geral da República”.A seguir, Maarten detalha um pouco mais sobre o processo de investigação do acidente nos últimos dois anos.
iG: Como o senhor recebe a afirmação do BEA de que a culpa do acidente foi dos pilotos?
Maarten Van Sluys: Já esperava. Relatórios anteriores do BEA davam um indicativo de que essa seria a linha que eles seguiriam. Mas o cerne da questão não é o que aconteceu a partir do momento que o avião começou a cair, mas o que fez o avião cair. Houve congelamento do pitot e uma negligência explícita de não ter sido feita a troca do equipamento. Isso expôs as pessoas a um risco desnecessário. E o avião ter entrado em queda livre foi consequência desse congelamento. Isso atrelado a condições de tempo adversas fez com que os pilotos não conseguissem reverter o quadro, até porque eles não foram treinados para isso.
iG: O que leva o senhor a afirmar que o acidente foi provocado por falha mecânica e não humana?
Van Sluys: Desde o acidente, há dois anos, fiz 14 viagens internacionais. Fui 12 vezes à França e duas vezes à Alemanha, onde já morei por dois anos. Na Alemanha, por meio da Hiop, a associação dos familiares das vítimas daquele país, conheci o professor doutor Gerhard Hüttig, da Universidade Técnica de Berlim. Ele conseguiu recriar o ambiente da aeronave na hora do voo de uma maneira muito próxima a toda situação que os pilotos viveram, e é categórico em afirmar que o relatório do BEA não foi direto ao ponto. Hüttig concluiu que primeiro houve o congelamento do pitot, como todo mundo já sabe, e que em decorrência disso os computadores do avião passaram a enviar informações erradas, ou seja, houve um colapso.
iG: Qual a consequência da afirmação do BEA de que a culpa maior foi dos pilotos?
Van Sluys: Sob o ponto de vista da indenização às famílias não muda nada. Absolutamente, nada. A reposição material da perda não vai mudar em função da responsabilidade. Nesse ponto, advogados, especialistas e seguradoras são tácitos em afirmar. Porém no âmbito criminal muda. Até porque os pilotos acusados estão mortos e não poderão sofrer qualquer consequência. Existe um processo de instrução (provisório) na Justiça francesa. Se o relatório atestar que a Airbus e a Air France não tiveram responsabilidade no acidente correremos o risco de o processo ser arquivado por falta de provas ou inconsistência da responsabilidade criminal. É isso que toca fundo nas famílias das vítimas. Todos querem ver a responsabilidade pela queda da aeronave ser levada a cabo. A impunidade, para nós, seria uma ducha de água fria total. Além de centenas de pessoas terem morrido em vão, essas aeronaves vão continuar voando, a insegurança vai permanecer. A mensagem que ficará clara é que a aviação é controlada pelas empresas e não pelos órgãos reguladores.
Van Sluys: Sob o ponto de vista da indenização às famílias não muda nada. Absolutamente, nada. A reposição material da perda não vai mudar em função da responsabilidade. Nesse ponto, advogados, especialistas e seguradoras são tácitos em afirmar. Porém no âmbito criminal muda. Até porque os pilotos acusados estão mortos e não poderão sofrer qualquer consequência. Existe um processo de instrução (provisório) na Justiça francesa. Se o relatório atestar que a Airbus e a Air France não tiveram responsabilidade no acidente correremos o risco de o processo ser arquivado por falta de provas ou inconsistência da responsabilidade criminal. É isso que toca fundo nas famílias das vítimas. Todos querem ver a responsabilidade pela queda da aeronave ser levada a cabo. A impunidade, para nós, seria uma ducha de água fria total. Além de centenas de pessoas terem morrido em vão, essas aeronaves vão continuar voando, a insegurança vai permanecer. A mensagem que ficará clara é que a aviação é controlada pelas empresas e não pelos órgãos reguladores.
Fonte: IG
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