segunda-feira, 16 de maio de 2011

França recupera dados de caixas-pretas da Air France


PARIS (Reuters) - Investigadores conseguiram extrair com sucesso dados das duas caixas-pretas recuperadas do avião da Air France que caiu no oceano Atlântico em 2009 durante o voo Rio de Janeiro-Paris, aumentando as chances de explicar o que causou o desastre que matou todas as 228 pessoas a bordo.
O jornal francês Le Figaro informou em sua página na Internet que uma das caixas-pretas já forneceu informação suficiente para concluir que o acidente não foi causado por uma falha no avião da Airbus, mas não explicou como as autoridades chegaram a essa conclusão.
A agência de investigação de acidentes aéreos da França, BEA, disse nesta segunda-feira que foram resgatadas todas as informações do gravador de dados do voo, que monitora os sistemas da aeronave, e uma fita contendo as duas últimas horas de gravações de voz da cabine de pilotagem.
A extração aumenta as chances de que o mistério sobre a perda da aeronave Airbus A330 seja finalmente resolvido. A BEA disse que em seis meses vai publicar o novo relatório do acidente.
"O mais interessante vai ser descobrir o que a tripulação estava vendo e entendendo, e como eles estavam reagindo e gerenciando as suas respostas", disse Paul Hayes, diretor de segurança da consultoria de aviação britânica Ascend Aviation.
O Le Figaro, citando fontes do governo e próximas ao caso, disse que a agência focará sua investigação em saber se a Air France ou sua tripulação tem alguma responsabilidade pelo acidente, levando em conta as supostas evidências de que a aeronave não apresentou falhas.
As fontes disseram que a BEA vai revelar novas informações sobre o papel da Air France e da tripulação na terça-feira, possivelmente permitindo um melhor esclarecimento das circunstâncias do acidente no fim da semana, embora possa levar meses até que um relatório definitivo seja apresentado.
Uma porta-voz da Air France disse: "não temos comentários a fazer enquanto a BEA continuar conduzindo suas investigações". A Airbus e a BEA não estavam imediatamente disponíveis para comentar a notícia do Le Figaro.
CIRCUNSTÂNCIAS OBSCURAS
O voo 447 do Rio para Paris desapareceu durante uma tempestade em 31 de maio de 2009, desencadeando uma caçada internacional para encontrar os destroços do avião e as caixas-pretas que podem ter pistas sobre o que aconteceu.
Os gravadores do Airbus A330 foram retirados de uma profundidade de quase 4 quilômetros do mar no começo de maio, após uma longa operação de busca que custou 50 milhões de dólares, e em seguida foram enviados para Paris, onde chegaram na quinta-feira passada.
Os dados agora serão analisados em detalhe, segundo a BEA.
"Esse trabalho levará algumas semanas, e depois um relatório interino será elaborado para ser publicado no verão (do hemisfério norte)", afirmou a agência em comunicado.
Investigadores disseram anteriormente que qualquer informação retirada das caixas-pretas levaria meses para ser processada e que não esperavam divulgar um relatório até o início de 2012.
ESPERANÇA POR RESPOSTAS
Parentes de algumas das 228 vítimas do acidente manifestaram a sua esperança de ver terminar em breve a espera de dois anos por explicações.
A próxima etapa da investigação deverá se focar em quais sistemas falharam, cruzar essas informações com os alertas enviados pelo sistema automático de mensagens do avião e que tipo de dados estavam disponíveis para os pilotos antes do desastre.
Dois aviões da Lufthansa estavam na mesma área meia hora antes do acidente da Air France, de acordo com informações da Organização Meteorológica Mundial divulgadas na época do acidente. Há relatos, contudo, que alguns aviões com passageiros tomaram rotas diferentes no dia.
A investigação preliminar se focou nas leituras aparentemente inconsistentes nos sensores de velocidade do avião Thales, conforme relatado pelo sistema automático de mensagens de manutenção. Mas os investigadores disseram que nenhuma causa única pode ser identificada.
O BEA deve fazer duas gravações dos dados da caixa-preta - uma para a sua investigação interna e outra a ser entregue a juízes franceses para definir se alguém deve ser responsabilizado criminalmente.
(Reportagem adicional de Leigh Thomas)


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