Quem observa as filas quilométricas nos aeroportos brasileiros e os gastos expressivos dos turistas brasileiros no Exterior, que somaram R$ 2,2 bilhões em agosto, pode até estranhar o fato de as companhias aéreas brasileiras exibirem um balanço tingido de vermelho. No acumulado janeiro/junho, a líder TAM e a segunda colocada, Gol, registraram perdas de US$ 287,1 milhões e R$ 508,2 milhões, respectivamente. Para tentar reverter essa situação, as empresas têm adotado estratégias baseadas no receituário clássico: aumento das receitas, a partir do reajuste das passagens, e redução dos custos, com o corte das “mordomias a bordo”, por exemplo.
Além de seguir nessa rota, a TAM decidiu ser mais ambiciosa e está ampliando as alternativas de ganho com cada centímetro disponível em suas aeronaves. Incluindo o porão. Para isso, a empresa da família Rolim conta com a força de sua parceira chilena, a LAN, e uma verba de R$ 25 milhões para investir até 2016. A fusão, sacramentada em junho de 2012 e que deu origem à Latam, abriu novos horizontes para os brasileiros nesse nicho. Isso porque a TAM Cargo passou a operar em parceria com a ABSA, controlada pela LAN Cargo, dos sócios chilenos. “Foi um casamento perfeito e que gerou um belo filho”, diz Alexandre Silva, gerente comercial internacional da TAM Cargo.
Com uma frota composta de 166 aeronaves convencionais e outras quatro exclusivas para encomendas, a TAM Cargo espera ampliar ainda mais o seu domínio no segmento. No ano passado, a TAM e a ABSA transportaram 64,5% de todo o volume de encomendas movimentadas pelas empresas nacionais no Brasil e 20% do que foi embarcado para outros países, de acordo com dados da Agência Nacional de Aviação Civil. Para crescer, Silva está incrementando a infraestrutura, com a construção de dois terminais: o do Aeroporto Internacional Brigadeiro Eduardo Gomes, em Manaus, começa a operar em novembro, e o de Guarulhos, em São Paulo, deve ser inaugurado no início de 2014. “O volume de carga doméstica, o aproveitamento de áreas ociosas em aviões e a importância do Brasil no continente são as chaves para o sucesso”, diz Alvaro Carril, vice-presidente comercial da LAN Cargo.
A aposta da TAM surge em um momento no qual essa modalidade perde espaço dentro da logística brasileira. Em 2012, houve uma retração de 8,34% no volume transportado em relação ao período anterior. Saindo de 1,56 milhão de toneladas para 1,43 milhão de toneladas, segundo a Infraero. “Se não tiver uma infraestrutura adequada e ativa, você perde mercado”, afirma Silva. Outro entrave é o elevado custo da operação. Tanto para as empresas, que arcam com despesas como combustível e taxas aeroportuárias, quanto para os clientes. Por conta disso, a carga aérea ainda é uma seara na qual somente os fabricantes de produtos com maior valor agregado, como eletrônicos, ou de itens perecíveis, como flores e alimentos, recorrem na hora de despachar suas cargas.
“O gasto fica ainda maior por se ter de optar por outro modal quando o transporte é para locais mais distantes dos grandes centros”, diz Flávio Benatti, presidente da NTC&Logística. Uma das opções para melhorar essa equação pode estar no programa federal de R$ 7,3 bilhões, destinado a modernizar 270 aeroportos regionais que também passarão a contar com estrutura para despacho de encomendas. “Com mais áreas de estocagem, a ampliação do volume transportado será uma tendência natural”, afirma Guilherme Ramalho, secretário-executivo da Secretaria de Aviação Civil (SAC). Os analistas, no entanto, se mostram céticos.
“Esses aeroportos não terão capacidade de mudar o cenário, pois só conseguirão atender aviões menores”, diz o consultor especializado em aviação Jorge Leal Medeiros, engenheiro aeronáutico e professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Com ou sem viabilidade dos aeroportos regionais, a ambição da TAM é alçar um voo cada vez mais elevado quando o assunto é transporte de carga. A pressão para isso vem de dentro. Sua parceira LAN chegou a extrair 30% das receitas com essa divisão. Hoje, por conta da fusão com a TAM, o volume caiu para 15%, atingindo US$ 950 milhões, no ano passado. “Queremos voltar para aquele patamar o mais rápido
istoedinheiro
Estude Inglês na Irlanda
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