A Gol tem planos de estender até o próximo ano a redução de sua capacidade doméstica na tentativa de recuperar suas margens operacionais. Desde o quarto trimestre do ano passado, a oferta de assentos nos trechos nacionais da aérea vem apresentando queda, que à época foi de 5% em relação ao terceiro trimestre. Para o primeiro semestre de 2013, a retração está projetada entre 8% e 10% e, em todo o ano, a queda estimada é de 7%.
“É difícil dizer que a redução da oferta será necessária somente ao longo de 2013. Hoje, numa ótica particular, acredito que teremos a necessidade de estender essa gestão da oferta ao longo do próximo ano”, disse Paulo Kakinoff, presidente da Gol, depois de apresentar o resultado operacional da companhia de 2012, que apontou que a empresa dobrou seu prejuízo na comparação com 2011.
A diminuição da oferta doméstica no quarto trimestre ocorreu em razão da retirada das aeronaves da Webjet da frota operacional, o que fez a demanda cair 9,1%. Somente com o fim da operação da Webjet, a Gol teve que absorver custos adicionais de R$ 197 milhões e provisões para perda com ativos. A companhia enfrenta problemas na Justiça devido à demissão de 850 funcionários da WebJet. Em meados de março, a empresa foi condenada pela Justiça do Trabalho em Brasília e do Rio de Janeiro a pagar multas no valor de R$ 1 milhão cada, mas poderá recorrer da decisão.
“Quando anunciamos a redução da oferta (no fim de 2012) e demos ‘guidance’ do primeiro semestre, também consideramos que a empresa teria flexibilidade para aumentar o corte (...) É reflexo, sim, do preço do combustível, mas é uma reação programada”, disse.
Segundo Kakinoff, o objetivo da manutenção na redução da oferta é elevar a receita por passageiro em pelo menos 10% e retomar as margens operacionais. A companhia aérea anunciou prejuízo líquido de R$ 447,1 milhões no quatro trimestre, contra lucro de R$ 54,3 milhões no mesmo período do ano anterior. Em todo o ano de 2012, as perdas alcançaram R$ 1,51 bilhão, aumento de 101% em relação a 2011.
De acordo com o presidente da Gol, diversos fatores contribuíram para a expansão do prejuízo, entre eles, o aumento recorde de 18% no preço dos combustíveis, acréscimo de 30% das tarifas aeroportuárias, depreciação de 17% do real em relação ao dólar, o fim das operações da Webjet em novembro, que foram antecipadas por causa do cenário dos combustíveis, e o baixo crescimento do PIB brasileiro.
“O cenário para as companhia aéreas é promissor, porém, bastante complicado, pois ao mesmo tempo em que a forte demanda é positiva, existe uma série de pontos negativos que atrapalham, como a questão dos combustíveis. Além disso, o setor trabalha com um limite de funcionários, pois não dá para reduzir significativamente a mão de obra, uma vez que existem milhares de passageiros”, completa Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos.
Em relação à oferta internacional, Kakinoff não fez nenhuma projeção porque as definições ainda não foram finalizadas. “Iniciamos a operação Santo Domingo e temos a intenção de expandir essa operação para alcançar mais mercados na América Central e América do Norte, mas como ainda não temos o cronograma definido, optamos por não fazer estimativa”.
Quanto ao programa de milhagem da companhia, o Smiles, Kakinoff disse que os planos para um IPO na BM&FBovespa estão mantidos e que a empresa apenas aguarda o aval da Comissão de Valores Mobiliários. “Acreditamos no potencial do mercado de milhas o que contribuirá para o desempenho da Gol”, pontua o CEO.
Fonte: IG