Apesar do crescimento que vem sendo registrado no transporte aéreo no Brasil, que registrou 33 milhões de passageiros em 2002, saltando para 84 milhões em 2011, um crescimento anual médio de 10%, o setor não anda bem das pernas. As empresas aéreas brasileiras Gol e TAM são líderes no mercado aéreo doméstico. Porém, ao longo dos anos, vêm perdendo espaço no market share, com sua participação caindo de 88%, em 2007, para 77,4% em 2011. Ao final deste ano, a TAM detinha 40% do mercado, a Gol 37,4% e demais empresas 22,6%.
O primeiro semestre de 2012 não trouxe o que as duas principais companhias esperavam. Os problemas continuaram e recrudesceram. A Gol, de propriedade da família Constantino, passou por um processo de enxugamento, no início de 2012, resultando na demissão de 1.500 colaboradores e o corte de 130 voos, considerados deficitários. No entanto, esse corte na carne não foi suficiente para impedir que um prejuízo líquido de mais de R$ 750 milhões fosse apurado pela companhia só no primeiro semestre deste ano. Estes números apontam para uma elevação de mais de 160% em perdas, quando comparadas com idêntico período de 2011. A Gol já tinha registrado um prejuízo de R$710 milhões em seu balanço de 2011.
Por outro lado, a TAM, criada pelo Comandante Rolim Amaro, não teve desempenho muito distinto e apresentou prejuízo de R$ 930 milhões, somente nos primeiros seis meses de 2012. A companhia havia registrado prejuízo de R$ 335 milhões, em 2011. Essa problemática vivenciada pelas duas grandes aéreas revela a dificuldade que elas têm em controlar os seus prejuízos e apontam possíveis esgotamentos dos modelos de negócios por elas adotados.
Dados do Sindicato Nacional das Empresas Aéreas registraram que a demanda nos aeroportos mais estratégicos para as duas companhias, Congonhas, Brasília e Santos Dumont, cresceu abaixo da média brasileira de 8% no primeiro semestre de 2012. Estes aeroportos, principalmente Congonhas, estão próximos dos limites operacionais. Os preços das passagens de transporte aéreo, em 2011, foram os menores em 10 anos, onde cada passageiro desembolsou menos da metade do que pagava há 10 anos para voar.
Outro fato importante é que, tanto Gol quanto TAM são altamente dependentes de passageiros que realizam viagens com objetivos de negócios, caso da ponte aérea São Paulo-Rio. Com o esfriamento das atividades econômicas e os cortes nas viagens a negócios, essas empresas demonstram dificuldades em alinhar os preços e obter recuperação devido ao aumento de custos. A Agência Nacional de Avião Civil, gestora do sistema, também aponta problemas no setor, a “rápida saturação da infraestrutura aeroportuária” e a necessidade de “mudança do modelo de gestão dos aeroportos”. Há um nó a ser desatado no transporte aéreo e novos investimentos são prementes.
Fonte: JC Net
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