Vinte lotes de objetos da Vasp considerados históricos por colecionadores foram leiloados nesta segunda-feira, por mais do dobro do valor pelo qual foram avaliados. O leilão, realizado em São Paulo, foi acompanhado pessoalmente por cerca de trinta apaixonados por aviação, colecionadores e até um ex-funcionário da empresa aérea falida, além de dois mil internautas que deram lances pela web.
Somados, os lotes foram avaliados em R$ 3.646 e no leilão o valor total arrecado foi de R$ 8.249. Cada um dos lotes continha um roupão de banho, um broche, um boné, além de pôsteres de anúncios antigos da empresa e miniaturas de aviões. A avaliação de cada lote variava de R$ 156 a R$ 229. O mais caro foi adquirido por um empresário - que enviou representante - por R$ 773.
O total arrecadado é muito pequeno perto da dívida da empresa, estimada pelo juiz da 1ª Vara de Falências de São Paulo, Daniel Carnio Costa, em R$ 5 bilhões, sendo R$ 1,2 bilhão apenas de dívidas trabalhistas. Mas vai ser incorporado à massa falida e ajudar a abater a dívida com os credores, que só na área trabalhista, chegam a 11 mil ex-funcionários.
Porém, para os colecionadores, o valor dos objetos é histórico. Para o executivo de multinacional aposentado Luiz Carlos Bugeli, de 77 anos, a Vasp só traz boas recordações. Depois de ter arrematado três lotes de objetos, o colecionador convicto - tem em casa mais de 20 carros antigos e centenas de relógios e canetas - lembrou de um voo que lhe marcou.
- Eu ajudei a fazer o parto de uma passageira dentro do avião da Vasp na década de 1990, porque tinha experiência, já que fiz o parto do meu filho dentro de um carro. Como a minha roupa ficou suja, saí do avião com uma camisa e uma calça de piloto - recorda.
A jornalista especializada em aviação Solange Galante de Jesus comprou dois lotes de objetos por cerca de R$ 800, atraída principalmente por miniaturas de avião.
- Gostei da miniatura de um DC10, de quando a Vasp fazia codeshare com a Continental, na década de 1990. A Vasp foi uma empresa querida, e infelizmente acabou como acabou - disse Solange.
O ex-funcionário da Vasp que se identificou apenas como comissário Shigueaki trabalhou na companhia de 1998 até a falência da empresa. Ele arrematou um lote por R$ 386 e acredita que leilões de pequenos objetos não vão ajudar os credores da aérea.
- A fazenda Piratininga (do empresário Wagner Canhedo, um dos donos da Vasp) é que vai ajudar a pagar as dívidas trabalhistas - afirmou, referindo-se à fazenda penhorada pela Justiça do Trabalho, que é objeto de discussão em tribunais superiores.
Até o fim do ano, outros três leilões de bens da Vasp serão leiloados, segundo o juiz da 1ª Vara de Falências de São Paulo, Daniel Carnio Costa.
- Vamos leiloar, como sucata, quatro aviões que estão parados no aeroporto de Congonhas, além de um avião inteiro, que não está funcionando, mas que deve atrair colecionadores. Também teremos outro leilão de objetos, como esse, em que devemos ter caixas-pretas, hélices e partes de painéis de aeronaves - explicou o juiz.
Fonte: O Globo
0 comentários:
Postar um comentário