
Todos os anos às vésperas do “aniversário” da segunda pior tragédia da história da aviação civil brasileira, os telefones de Rosane Gutjahr, viúva de uma das 154 vítimas do acidente com o voo 1907, da Gol Linhas Aéreas - que caiu em 29 de setembro de 2006 após se chocar com um jato Legacy - não param de tocar.

Até agora, as únicas medidas tomadas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e pela Justiça brasileira foram a aplicação de multas administrativas de R$ 3,5 mil aos pilotos e R$ 7 mil à ExcelAire e a condenação, em primeira instância, dos pilotos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino a quatro anos e meio de prisão, convertidos na prestação de serviços comunitários a uma entidade brasileira dos Estados Unidos, “quando eles tiverem disponibilidade”. Essa condenação levou as famílias a impetrar um recurso e levar o processo à segunda instância. Morosidade A morosidade da Justiça e a omissão da Anac - que vem sendo ignorada pela Administração Federal de Aeroportos dos EUA (FAA) há três meses, desde que enviou o relatório do acidente pedindo a suspensão do brevê dos pilotos - causaram indignação não apenas aos familiares das 154 pessoas mortas no acidente, ressaltou Rosane.
Mais de 159 mil pessoas já assinaram o abaixo-assinado virtual “190 milhões de vítimas”, que a Associação das Famílias das Vítimas do Voo 1907 pretende entregar à presidente Dilma Rouseff, cobrando punições mais severas aos dois pilotos. “Esse acidente fez muito mais do que 154 vítimas.
O país está sendo ridicularizado por essas decisões e indecisões. E quem perdeu alguém que estava nesse voo também está morrendo aos poucos. Um senhor que perdeu a mulher, dois filhos, um genro e o neto morreu oito meses depois. A mãe de outro passageiro morreu um dia depois da sentença em primeira instância. Junto às 154 pessoas a bordo, morreram um passado, um presente e um futuro de planos e sonhos”, lamentou.
O acidente
Boeing da Gol foi atingido por Legacy A tragédia ocorreu em 29 de setembro de 2006, quando o boeing 737-800 da Gol, que fazia o voo 1907, saiu de Manaus para o Rio de Janeiro, com previsão de fazer uma escala em Brasília, foi atingido pelo Legacy da ExcelAire. Os destroços do boeing caíram em uma região de mata fechada, a pelo menos 200 metros do Município de Peixoto de Azevedo (MT).
Mesmo avariado, o Legacy, que transportava sete pessoas, conseguiu pousar em uma base aérea na Serra do Cachimbo (PA). O acidente expôs a fragilidade do controle aéreo brasileiro e deflagrou na abertura de CPIs e investigações da Polícia Federal e Aeronáutica, que concluiu que o equipamento anticolisão do jato estava desligado durante o voo.
Famílias de Manaus foram destruídas pela tragédia
A dor de parentes e amigos de Gilcley Costa, uma das vítimas, na missa de sétimo dia Entre as 154 vítimas do acidente do voo 1907 da Gol estavam 68 pessoas que viviam em Manaus, entre elas o funcionário da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) Gilcley Costa, que viajava para Brasília, onde pediria a namorada em casamento. Famílias também foram destruídas por conta da tragédia.
Uma delas é a de Luana Lleras, que no acidente perdeu a mãe, a bióloga Ângela Leite, 53; o irmão, o publicitário Mário Lleras, 25; e o sobrinho, Daniel Lleras, de 5 anos. Outra família desmembrada foi a do procurador do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) Mário Braule Pinto da Silva, que viajava com a esposa, Helen Garcia - sobrinha do deputado Francisco Garcia -, além do filho, Pedro Henrique, de 4 anos, e a babá, Maria José Rodrigues.
A médica radiologista Fabiana Granjeiro, 35, também morreu no acidente, junto ao filho João Ariano e a babá Antônia Nogueira. O marido de Fabiana, Dênis Calandrini, desistiu da viagem por compromissos de trabalho. A UEA também perdeu a professora Joana D‘Arc e o professor Lázaro Sobrinho. * Colaborou Carolina
Fonte: uol
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